quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Lidar com pessoas difíceis (na sequência de um incidente crítico na sala de aula)


Lidar com pessoas difíceis é uma tarefa que exige competências pessoais, como respeito às diferenças, domínio próprio e espírito de liderança; resumidamente - Inteligência Emocional. É importante não esquecermos que o comportamento das pessoas é resultado de suas respectivas histórias de vida. Sendo assim, para que seja possível diminuir os conflitos na interacção social, familiar, na formação, no trabalho ou em outros espaços da vida quotidiana, é necessário que alguém assuma uma postura conciliadora e equilibrada e este alguém seja capaz de respeitar os demais, favorecendo assim a construção de um relacionamento pautado no respeito mútuo e na tolerância recíproca.

Se reflectir sobre a questão de como lidar com pessoas difíceis fosse fácil, poderíamos fechar a reflexão já no parágrafo acima, no entanto, a questão é bastante complexa e exige a leitura de alguns teóricos que tratam do comportamento humano. Vejamos a análise de Biaggio fazendo uso de Bandura:

Segundo Bandura (1973), questões éticas tornam-se irrelevantes quando o sujeito escolhe seus próprios objectivos. Assim, uma pessoa cujos comportamentos agressivos lhe causem dificuldades nas relações sociais deveria procurar um terapeuta, solicitando um tratamento que reduza os comportamentos agressivos. Já uma pessoa cujos problemas sejam os de exposição a comportamentos agressivos e incorrectos de outras pessoas deverá investir nos comportamentos de auto-afirmação e assertivos adequados à situação de forma a que sejam fortalecidos. (BIAGGIO,1996,p.205).

De acordo com esses teóricos (Bandura e Biaggio), existem dois grupos de pessoas difíceis, o primeiro é daquelas que se relacionam mal com as outras pessoas, usando o seu comportamento agressivo, o que lhes causa dificuldade nas relações sociais e recebem o estereótipo de pessoas difíceis, acabando por não serem bem aceites nos grupos de convivência ainda que as suas limitações afectivas não lhes permita vislumbrar o seu próprio isolamento. O segundo grupo é das pessoas que têm dificuldade de auto-afirmação, estes por sua vez, por timidez ou comportamento de subserviência também acabam por trazer dificuldade aos relacionamentos, visto ser o homem, um ser de comunicação. Assim comenta Muramoto:

Elementos de um grupo que não se comunicam horizontalmente, para a reflexão de sua prática, tendem a uma visão parcial, truncada, dos processos, perdendo a possibilidade de controle sobre este processo. (Muramoto,1991,p.41).
Em qualquer espaço onde o ser humano interage com seus semelhantes, como é o caso do espaço de formação, a comunicação é fundamental para que o ambiente seja de boa relação. A dificuldade de relacionamento desfaz-se ante o poder da comunicação.
Esta comunicação precisa ser, no entanto, uma comunicação respeitosa, onde a liderança se coloca a serviço de um relacionamento cada vez melhor, onde se exclui o autoritarismo.

Lidar com pessoas difíceis exige habilidade comunicativa, competência técnica, e como já afirmamos anteriormente é indispensável espírito de liderança. Para o autor do livro O Monge e o Executivo, “liderar não é ser chefe. Liderar é servir. Embora servir tenha uma conotação de fraqueza para alguns, a liderança servidora pode ter um impacto positivo no nosso desempenho” (HUNTER,2004,p140).

Para nós, tanto as pessoas consideradas difíceis por causa da agressividade com a qual agem no convívio social, quanto as pessoas que agem de forma apática, tímida, que pouco comunicam, deixam-se explorar e também dificultam as suas próprias relações sociais, precisam de orientação de alguém mais experiente, no seu próprio ambiente e nos ambientes onde ocorrem as relações, capaz de estimulá-las a uma nova maneira de se relacionarem nos diferentes grupos de que fazem parte.

Sem comentários:

Enviar um comentário