sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

As distâncias em formação

Muitos formandos nos abordam questionando acerca das distâncias a observar em formação profissional. Para respondermos a esta solicitação temos de abordar um aspecto particular da comunicação não verbal - A comunicação proxémica

O termo proxêmica (proxemics, em inglês) foi cunhado pelo antropólogo Edward T. Hall em 1963 para descrever o espaço pessoal de indivíduos num meio social, definindo-o como o "conjunto das observações e teorias referentes ao uso que o homem faz do espaço enquanto produto cultural específico". Descreve as distâncias mensuráveis entre as pessoas, conforme elas interagem, distâncias e posturas que não são intencionais, mas sim resultado do processo de aculturação. É um exemplo de proxêmica quando um indivíduo que encontra um banco de praça já ocupado por outra pessoa numa das extremidades, tende a sentar-se na extremidade oposta, preservando um espaço entre os dois indivíduos.

As distancias são normalmente classificadas como:


Distância íntima: para abraçar, tocar ou sussurrar; envolve contacto físico entre os corpos; não permitida em habitual em público na maior parte das culturas (0-45 cm);
Modo próximo: maior proximidade possível, contacto entre a pele e músculos;(comunicação tacêsica)
Modo afastado: apenas as mãos estão em contacto; proximidade provoca visão distorcida do outro, distância na qual se fala aos sussurros.

Distância pessoal: para interação com amigos próximos; distância que o indivíduo guarda dos outros (45-120 cm);
Modo próximo: permite tocar no outro com os braços; a posição/distância revela o relacionamento que existe entre os indivíduos;
Modo afastado: limite do alcançe físico em relação ao outro; distância habitual da conversação pessoal;

Distância social: para interação entre conhecidos; definida por Hall como o "limite do poder sobre outrém"; a esta distância os indivíduos não se tocam.(1,2-3,5 m);
Modo próximo: adotado quando várias pessoas dividem o mesmo espaço de trabalho ou em reuniões pouco formais;
Modo afastado: adotado quando de relações sociais ou profissionais formais;

Distância pública: para falar em público; situa-se fora do círculo mais imediato do individuo; vista em conferências. (acima de 3,5 m).
Modo próximo: relações formais; permite a fuga ou a defesa caso o indivíduo se sinta ameaçado;
Modo afastado: modo no qual a possibilidade de estabelecer contacto com alguém é nula, devido à distância.

Hall indicou que diferentes culturas mantêm diferentes padrões de espaço pessoal. Nas culturas latinas, por exemplo, aquelas distâncias relativas são menores e as pessoas não se sentem desconfortáveis quanto estão próximas das outras; nas culturas nórdicas, ocorre o oposto.

As distâncias pessoais também podem variar em função da situação social, do gênero e de preferências individuais.

Importa agora contextualizar esta informação no domínio da formação profissional:

Relação entre distâncias e médodos

Parece óbvio que independentemente do método utilizado a distância íntima raramente poderá ser utilizada numa relação pedagógica entre formadores e formandos. As excepções serão mesmo algumas aprendizagens do dominio psico-motor em que a proximidade e até o contacto se tornam inevitáveis e alguns jogos do dominio afectivo em que essa proximidade é intencionalmente promovida com objectivos bem definidos.

Para analizarmos as distâncias pessoal, social e pública já teremos de levar em conta o tipo de método pedagógico utilizado;
Os métodos directivos (Expositivos, Demonstrativos e Interrogativos) são métodos cuja natureza implica uma completa demarcação formal entre o formador e os formandos sob pena de perdermos o controlo dos grupos. Atendendo a este facto devemos fazer uso de todos os instrumentos disponiveis para promover e manter essa formalidade, entre os quais a distância social, indicada, como ja referimos, para relações sociais e profissionais formais.

No caso dos métodos não-directivos (Activos) o formador deve por definição colocar-se ao nivél dos formandos, funcionar como recurso, gestor e animador, promovendo a interacção entre todos os elementos e, no respeito pelas diferenças, a sua própria integração e dos formandos num grupo uno. Estas particularidades pressupôem um relação mais próxima também em termos espaciais, resultando que a distância ideial a observar seja a distância pessoal.

A distância pública não encontra grandes aplicações no contexto de formação profissional, sendo apenas utilizada em algumas apresentações expositivas direccionadas para grandes grupos.

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